sábado, 5 de novembro de 2011

Limitações

Lidamos com nossas limitações o tempo todo. Podemos não querer enxergá-las, mas elas estão sempre nos acompanhando.

O ser humano tem a capacidade de superar a si mesmo e a muitas coisas. Nossa capacidade é muito maior do que realmente imaginamos. Mas isso não afasta nossas limitações.

Eu sempre acreditei que quase tudo na vida depende de nós e que poderíamos aprender o suficiente para mudar as coisas. Acredito que um dos maiores males da humanidade é o sentimento de vítima das situações, que impregna nossas emoções com maior ou menor freqüência. 

Somos reativos, ou seja reagimos ao que acontece conosco e não conduzimos nossos sentimentos, ações e escolhas.

A sabedoria oriental ensina que todo ser deveria ser mestre de si mesmo. O desenvolvimento do auto-conhecimento, da escolha consciente em cada momento, nos permitiria abrir mão de certos sentimentos em cada momento e ter o controle do que é melhor para a nossa felicidade.

Na realidade, em quase todas as situações cotidianas, não são as pessoas ou as coisas e circunstâncias que nos ferem, magoam, estressam, ou nos dão raiva, medo ou insegurança. Somos nós que reagimos a essas situações externas e nos permitimos sentir raiva, medo, insegurança, mágoa ou dor, ou ficarmos ansiosos e estressados. 

Não desenvolvemos uma das melhores capacidades dos seres humanos e que poucos conhecem: as escolhas conscientes. 

Eu quero ficar ansioso como isso? Isso vale o meu aborrecimento? Eu vou aceitar a raiva ou a intimadação que o outro quer impor sobre mim? Essa circunstância realmente pode me afetar danosamente e justifica meu sentimento de medo?

Se conseguíssemos nos questionar, responder e corrigir nossos sentimentos, alcançaríamos muito mais facilmente a paz e a felicidade. 

Mas não é fácil. Fomos moldados a esse hábito reativo por toda a nossa vida. Porém a dificuldade não deve nos impedir de ter consciência do que acontece realmente. O primeiro passo é compreender que o que sentimentos é reação e não resultado do mundo externo. 

O segundo passo é treinar aos poucos e nas situações mais fáceis e menos intensas, insistirmos em investigar nossos sentimentos e separar as reações. Às vezes, conseguimos escolher não reagir. 

Investir no auto-conhecimento é importante para nossa felicidade. Precisamos reconhecer nossas limitações e entender como elas funcionam. Saber quando buscar ajuda também é importante. Não damos conta de tudo sozinhos e não somos os mesmos em todos os momentos, por toda a nossa vida. 

Eu sou uma pessoa ansiosa. Meu pensamento vive tentando viajar para o futuro e eu vivo tentando prendê-lo aqui no presente. Minhas emoções correm como cavalos sem arreios e eu busco manter a consciência e o questionamento presentes em minha vida, para saber quais delas são reais e verdadeiramente minhas. Quantas são meras reações às minhas percepções do mundo exterior, sem que tenham nenhum valor para acrescentar de bom a minha vida, a minha paz e felicidade?

Eu sou forte e sou frágil. Sou humana. Minhas limitações existem e são muitas.  Eu quero conhecê-las e aceitá-las. Mas isso não me impede de querer ser a cada dia um ser humano melhor, mais feliz e confortável dentro da minha vida.


domingo, 16 de outubro de 2011

A mudança

Estamos em processo de contínua mudança. Não somos os mesmos o tempo todo, mas somos a mesma essência. Podemos observar esse efeito na natureza, onde o tempo, o clima, a vegetação, os animais mudam constantemente, mas preservam sua essência. Nós também somos assim. 

Só que os processos da consciência muitas vezes estão voltados para o que acontece fora de nós, naquilo de denominamos "nossa vida". Poucos são os que conseguem se voltar para o que acontece dentro nós, no corpo, na alma, no eu. Essa característica de estarmos voltados para fora gera uma conseqüência: não percebemos o que acontece dentro de nós. Não vivemos a nossa essência. Não participamos ativamente do processo de mudança, não ouvimos nossos sentimentos mais profundos. Não aceitamos as transformações tão necessárias.

Nós nos agarramos a conceitos e imagens preconcebidas do que somos. Mas o que somos de verdade?? 
Neste momento, agora, como estamos? Quais são os nossos sentimentos? O que diz nossa sabedoria interior?

É muito importante se perguntar e se ouvir. Boa parte de nossas angústias e incertezas derivam de coisas e situações artificiais, que não são reais, verdadeiras ou importantes. 

Quantos sentimentos não decorrem do apego à velhas crenças e emoções do passado?? Pergunte-se o quanto você está preso no passado. Será que revive hoje algo que não existe mais?? Será que revive algo que ocorreu há muito tempo atrás e você ainda carrega como se fosse algo atual, mas que não é mais verdadeiro, nem real?

Quanto de nossa ansiedade e angústia decorre de problemas menores, materiais ou mesmo imaginados? Sabe aquela discussão interna que você fabrica e que não existe: se fulano falar isso assim, eu vou dizer isso e isso e isso.... Essa discussão e esse sentimento são reais? 

E os pequenos problemas do trabalho, dos colegas, do condomínio, da convivência? Como diz a música dos Titãs: 
"Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor..."

Será que não chegou a hora de olharmos mais para dentro do que para fora? 

Seja generoso consigo mesmo, não se critique. Não perca seu tempo e sua energia olhando para o passado. Não espere que algo aconteça para "mudar a sua vida". A mudança existe e é diária e cíclica, como a natureza. Use seu pensamento para te inspirar. Ouça sua sabedoria interior, ela te conduzirá a um caminho melhor. Quando algum pensamento ou fato externo te gerar alvoroço, pergunte: isso realmente importa???

Desejo a todos uma boa semana e que nela possamos aprender a primeira e importante lição, nos perguntando a cada momento ou emoção: isso realmente importa?

Elaine

Epitáfio

Titãs


domingo, 25 de setembro de 2011

A missão

Recentemente, aprendi em uma aula (acho que posso chamar assim) que a vida é dividida nas características e coisas que vivemos positivamente e devemos continuar, naquelas que nos são negativas e devemos corrigir e na missão que devemos empreender enquanto estivermos neste mundo.

Me ensinaram que não devemos nos distrair com tudo o que a vida nos permite e oferece ao nosso livre arbítrio e nos perder do caminho de nossa missão. Tudo é permitido: podemos usar todas as nossas possibilidades e aproveitar todas as oportunidades porque são aprendizado. Só não podemos deixar que viver essas possibilidades nos tire do caminho da nossa missão. E essa missão pode ser vivida de mais de uma forma, mas precisamos atingir ao seu ponto essencial.

Porém, o mais difícil de empreender esta tarefa é que não temos certeza sobre ela. Não sabemos com a certeza do preto e do branco qual é a nossa missão nesta vida. O sinal que soa dentro de nós é tão fraquinho...

Nós temos alguma pistas contidas em uma regra básica da vida: o Universo conspira para que tudo ocorra como deve, então ele conspira a nosso favor quando estamos no caminho e conspira contra quando não estamos.

A missão sempre está envolvida com a utilização de nossas caraterísticas mais fortes em algo que seja bom, que conduza a nós e a outras pessoas ao caminho do bem. Devemos provar ao Universo que os talentos que nós recebemos podem ser usados nesta vida para um resultado bom.

Deus nos fez com determinadas características e elas existem para o bem (nosso e dos outros). Os aspectos negativos dessas características devem ser dominados para que não atrapalhem. Já os aspectos positivos devem ser potencializados e utilizados em prol da vida.

Um amigo disse em um comentário à minha última postagem, citando Steve Jobs: "você tem que encontrar o que você ama", mas que isso não é fácil. Realmente não é. A gente aprende a se conhecer aos poucos. Mas o conjunto de características que são inerentes a nós indicam um caminho. 

Por exemplo, eu agradeço a Deus por ter um corpo perfeito, sem qualquer deficiência maior. Mas não sou uma pessoa fisicamente muito apta, não poderia ser atleta, soldado ou coisa assim. Mas minha alma é de um lutador, de quem enfrenta os obstáculos. Entre as minhas maiores capacidades está a intelectual: a mente aguçada e inquieta, a memória sempre ativa, a capacidade de ler, de escrever, de me comunicar, a compreensão para com o outro, o aconselhamento, etc. 

Com certeza, minha missão não é ser uma funcionária pública. Esse é o meio de vida. Mas eu posso dentro desse meio de vida, exercer minhas características em prol da minha missão, sabendo que sempre terei que superar todos os obstáculos. Mas minha vida não se limita ao aspecto profissional, então eu posso usar essas características em todas as áreas da minha vida, como por exemplo escrevendo este blog. Quantas pessoas serão atingidas por ele é algo que não me pertence e sim ao Universo. O Universo saberá se ele será um meio de alcançar as pessoas ou não. 

Mas estas características tem de servir à vida e não somente a mim mesma. Eu devo utilizá-las em todas as coisas que podem permitir ao Universo produzir um resultado para o bem.

Eu sou responsável pelo que falo e pelo que escrevo, mas também sou por todos os momentos em que me omito e não uso os meus talentos para produzir o bem.

Tente se autoanalisar e identificar os seus talentos, suas características positivas e as negativas, mas principalmente tudo o que você pode fazer para o bem seu e de outras pessoas próximas ou não. 

Qual será a sua missão?



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O tempo e a escolha

Já faz um mês que eu não escrevo aqui. O tempo passou muito rápido. Mas por que eu não parei para escrever? Posso usar a desculpa nº 1 para tudo: falta de tempo. 

Realmente, eu não tenho muito tempo disponível, assim como quase todo mundo não tem. Mas quem não tem tempo, não mantém um blog. E eu mantenho o blog porque é importante para mim. Sempre devemos ter tempo para o que é importante para nós.

O tempo é uma medida que não existe. Nós contamos o tempo por convenções sociais, mas hoje vivemos em uma época em que temos que fazer tudo, ver tudo, saber tudo, dar conta de tudo. É esse o nosso tempo? Ou é por isso que eles nos falta? 

Vejo o mundo e as pessoas correndo, estressadas. Eu vivo tentando dar conta de tudo e existem tantos como eu. Mas o tempo e a nossa sensação com ele é tão relativa... Tudo passa mais rápido ou mais devagar em razão de nossas sensações.

É por isso que eu me pergunto: o que é importante para mim agora?

Afinal, há dias de chuva e dias de sol. Nós, assim como a natureza, somos instáveis e cíclicos. Não somos só uma pessoa, única e constante. Somos múltiplos. Somos muitos dentro de nós.

Como você está agora?

Todos sabemos que devemos viver o presente para ser mais felizes, mas como se manter no presente? Cada um tem seu jeito, porque não há um jeito certo. 

Eu preciso olhar para mim e sentir: como eu estou agora? O que eu quero nesse momento? Para tudo é uma escolha, mas é uma escolha minha. Como o poema de Cecília Meireles: ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva. 

Não se tem tudo, mas temos sempre a escolha. Essa é a preciosidade da vida. A escolha não é do tempo, não é externa, não é imposta. Mesmo quando não vemos onde está nossa escolha ou quando não escolhemos, ela está lá. Podemos não ter consciência da escolha, mas escolhemos a todo momento.

Por isso eu me pergunto: como estou agora? O que é importante para mim hoje? O que eu quero neste momento? Eu realmente quero estar fazendo isso? Por que estou fazendo? Quais são os meus motivos? Eles são válidos para mim? O que estou sentindo?

Tudo começa na consciência e no conhecimento de si mesmo. É o primeiro passo. 

E você, como está agora?


domingo, 7 de agosto de 2011

Amor Incondicional

O amor incondicional é uma das mais básicas necessidades humanas: ser aceito e amado incondicionalmente. 

Mas o que é esse amor incondicional? Essa expressão carrega mitos e diversos conceitos e conteúdos, que mais causa confusão do que auxilia o desenvolvimento do ser humano.
As principais referências a este amor vem das áreas de psicologia, filosofia e religiosidade. 

No campo da psicologia, esse amor é uma busca do ser humano de sentir novamente completo. O que muitas vezes, leva as pessoas a busca de uma ilusão, que se reproduz em disfunções nos relacionamentos. 

Nascemos e vivemos nos primeiros momentos uma sensação de mistura, complementaridade e satisfação plena dos nossos desejos, já que filho e mãe são um único ser nessa fase da vida. O desenvolvimento emocional e a percepção da própria existência pressupõe que a vivência gradativa da frustração com o afastamento físico e psicológico de nossa mãe. Assim, o bebê começa a entender o que é ele e o que não é ele (a mãe  ou quem faz o papel de mãe). Esse afastamento é gradual e vai aumentando com o crescimento, num movimento natural: do aumento do intervalo das mamadas a dormir e acordar sozinho, etc. 

O bebê só aguenta essa frustração do afastamento momentâneo da mãe quando tem dentro de si a confiança de que ela não o abandonará e de que conseguirá sobreviver sem ela naquele momento.


Por isso se diz que o primeiro exemplo de amor incondicional é o amor materno, de total disponibilidade e aceitação independente de características boas ou ruins. Só que este amor muitas vezes é aquele amor vivido entre mãe e bebê. Nem sempre ele continua assim ao longo do relacionamento, mesmo o relacionamento do amor materno.

É claro que precisamos aprender a não esperar o amor incondicional da ilusão de total onipotência do bebê e da sua mãe. Mas continuamos querendo ser aceitos e amados incondicionalmente. E essa busca leva a algumas distorções quando tentamos conceituar o que é isso. 

Alguns dizem que o amor incondicional é altruísta, sem expectativa de reciprocidade ou de qualquer interesse pessoal, é dar sem esperar receber nada. Mas que amor é esse? A que ele se aplica? Considerando que temos a necessidade de sermos aceitos e amados, como amar o outro e não esperar nada em troca? Se eu esperar algo em troca, significa que eu não sou uma boa pessoa? Eu devo amar o outro incondicionalmente e ele não precisa me amar assim?

Esse conceito errôneo faz com que muitas pessoas se dediquem a atender as necessidades do outro, esquecendo de atender às suas próprias necessidades. No fundo, esperam que um dia serão amados também, mas acham errado exigir que suas necessidades sejam atendidas.

No campo da espiritualidade, ágape é uma palavra que representa o amor incondicional espiritual, a caridade altruísta, é a aspiração ao amor de Deus, que ama e manifesta seu amor espelhado na natureza que Ele criou. Parte da premissa de amor é o mais importante dos dons ou virtudes que emanam de Deus, que Ele sente pelos homens e em um primeiro momento a manifestou quando o fez à sua imagem e semelhança, portanto dotado de desenvolver as capacidades que Dele emanam. Por isso, o homem é capaz de amar. 

Devemos "amar a  Deus com todo o teu coração, mente e força e amar ao teu próximo como a ti mesmo" - Marcos 12-31.

Neste aspecto, o amor altruísta significa dedicar um ato de amor sem esperar receber e ver atendido nenhum interesse pessoal específico. Significa olhar para o outro sem julgar e dar sem esperar receber algo, ainda que um sentimento, ainda que gratidão. Isso é ágape, é caridade.

No budismo, o amor benevolente, incondicional deve ser acompanhado da compaixão e da misericórdia. O desenvolvimento dessas características e sentimentos diminuem o sofrimento pessoal e o alheio, sendo essencial para chegar à iluminação.

O sufismo, que é um braço religioso da islamismo, acredita que o amor é a projeção da essência de Deus no universo e que esse sentimento elevado deve ser cultivado para a humanidade voltar ao seu estado de pureza e graça.

O amor incondicional espiritual é aquele que nos faz aproximar de Deus. É olharmos a vida e o outro como Deus nos olha.  Devemos amar a Deus com toda nossa força, mente e coração. Sempre que possível, devemos olhar o próximo com o olhar de Deus, sem julgamento, e se o ajudarmos, que seja como o amor caridoso, sem esperar nada em troca.

Mas ao nos relacionar com o outro, com o próximo bem próximo, devemos amá-lo como nós amamos a nós mesmos. Não devemos amar ao outro mais do que amamos a nós. 

E como devemos nos amar??? ESSE SIM É O AMOR INCONDICIONAL QUE PROCURAMOS. Ele nos completa a formação que começou na nossa infância, quando aprendemos que somos uma pessoa diferente da nossa mãe. Devemos nos aceitar e amar incondicionalmente, independente de nossas características positivas ou negativas. Nos aceitar como nós somos de verdade. 

Só assim somos um ser completo e capaz de amar. Essa capacidade de amar incondicionalmente vem de nosso desenvolvimento emocional completo. Nos somos a origem deste amor, porque temos como desenvolver essa capacidade de amar. Afinal, fomos criados à imagem e semelhança Dele. 

Então, somos capazes de desenvolver Suas virtudes e de amar aquilo que Ele criou e da forma exata que Ele criou, sem mais nem menos: Nós mesmos. Se Ele nos achou perfeitos, quem de nós vai reclamar?????





quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Você já pediu desculpas a si mesmo?

Em vários momentos da vida, eu quis me olhar no espelho e ter uma conversa comigo mesma. Já briguei comigo, já me tirei da depressão, já treinei dizer que me aceitava, já me olhei com calma para ver as coisas que eu realmente gostava em mim. 

Existem diversos exercícios que são feitos assim para desenvolver o autoconhecimento, autoestima e aprender a se amar. Alguns são sugeridos pela programação neurolinguística, para reprogramarmos nossa mente através de afirmações.

No último sábado, sem nenhum exercício deliberado, eu me olhei no espelho e me pedi desculpas por várias coisas não muito legais que venho fazendo comigo ao longo dos anos. 

De repente, me veio uma música na cabeça e eu procurei na minha biblioteca musical para escutá-la novamente. Foi muito legal!!

Então, divido agora com vocês esse momento. Basta clicar no link a seguir. Também coloco a letra e a tradução.

E você? O que você diria ou cantaria para si mesmo atualmente?? 

The Reason

Hoobastank

Composição: D. Estrin/D. Robb
 

I'm not a perfect person
There's many things I wish I didn't do
But I continue learning
I never meant to do those things to you
And so, I have to say before I go
That I just want you to know

I've found out a reason for me
To change who I used to be
A reason to start over new
And the reason is you

I'm sorry that I hurt you
It's something I must live with everyday
And all the pain I put you through
I wish that I could take it all away
And be the one who catches all your tears
That's why I need you to hear

I've found out a reason for me
To change who I used to be
A reason to start over new
And the reason is you
And the reason is you
And the reason is you
And the reason is you

I'm not a perfect person
I never meant to do those things to you
And so I have to say before I go
That I just want you to know

I've found out a reason for me
To change who I used to be
A reason to start over new
And the reason is you

I've found out a reason to show
A side of me you didn't know
A reason for all that I do
And the reason is you


A Razão

Eu não sou uma pessoa perfeita
Há muitas coisas que eu gostaria de não ter feito
Mas eu continuo aprendendo
Eu não pretendia fazer aquelas coisas com você
E então eu tenho que dizer antes de ir
Que eu apenas quero que você saiba

Eu encontrei uma razão para mim
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para começar de novo
E a razão é você

Eu sinto muito ter te magoado
É algo com que devo conviver todos os dias
E toda a dor que eu te fiz passar
Eu gostaria de poder retirá-la completamente
E ser aquele que apanha todas as suas lágrimas
É por isso que eu preciso que você escute

Eu encontrei uma razão para mim
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para começar de novo
E a razão é você
E a razão é você
E a razão é você
E a razão é você

Eu não sou uma pessoa perfeita
Eu nunca quis fazer aquelas coisas para você
E então eu tenho que dizer antes de ir
Que eu apenas quero que você saiba

Eu encontrei uma razão para mim
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para começar de novo
E a razão é você

Eu encontrei uma razão para mostrar
Um lado meu que você não conhecia
Uma razão para tudo que faço
E a razão é você

 

domingo, 24 de julho de 2011

Autoconhecimento

Os caminhos para descobrir a si mesmo, se entender melhor;  a felicidade; o amor; o prazer e o crescimento pessoal são os temas principais desse blog. Essa escolha foi feita porque eu acredito que são essenciais a todos, básicos para se viver com qualidade e, ao mesmo tempo, tão difíceis.

As barreiras; as defesas que criamos para seguirmos com nossas vidas; os conceitos construídos que são equivocados, problemas de rejeição e auto-estima; várias questões que foram importantes em certas fases da vida, mas já não nos acrescentam mais nada; tudo isso atrapalha nosso aprendizado sobre nós mesmos, o que somos de verdade e como queremos viver.

Isso não acontece só com uma ou outra pessoa, mas com quase todos.

O importante é saber que podemos alterar isso aos poucos ao longo da vida. Alguns precisarão de ajuda especializada, outros contarão com amigos, caminhos filosóficos, espirituais, não importa qual for a escolha ou quantas delas. Mas poder se enxergar com outros olhos é fundamental.

Tenho amigas que, quando preciso, "pegam pesado" comigo. Me dizem de forma clara o que preciso ouvir. Eu sempre ressalto que nunca reclamei ou coisa assim, ao contrário, agradeço a sinceridade, honestidade e o sentido verdadeiro de ajuda das palavras de quem confio. É precioso poder contar com isso. Quem olha de fora tem sempre outra visão a oferecer. 

Assim podemos enxergar por aspectos que nunca vimos antes, questionar nossos padrões de pensamento e indagar se nossas premissas são distorcidas. A ilusão é comum a todos. Os pontos que não gostamos em nós mesmos ou com o qual temos dificuldade sempre parecem mais difícil aos nossos olhos. 
"Mentir para si mesmo é a pior mentira", dizia a Legião Urbana. Pois eu aprendi que a pior mentira  que podemos afligir a nós mesmos é não enxergar algo ou ver distorcido. É a mais difícil de superar porque você confia no seu discernimento e quando ele falha não é óbvio. Mesmo com ajuda, às vezes demora muito para percebermos o equívoco. 

Por isso, se algo te incomoda e você quer resolver dentro de si, procure ajuda verdadeira e fale e ouça muitas vezes, durante o tempo que for preciso. Mesmo que dure anos voltando à mesma conversa. Um dia, uma palavra ou frase certa, abre seus olhos e você verá com clareza. 

Assim, tudo ficará mais fácil para você agir diferente. Isso me ajudou. E  você, já tentou?
Uma boa semana...


terça-feira, 19 de julho de 2011

Para ser feliz

Eu me lembro de uma canção que era muito conhecida quando eu era criança e,  inclusive, teve uma apresentação na minha escola primária (era assim mesmo que se chamava rsrsrs).

"Para ser feliz é preciso ver
Neste céu azul a imensidão
E fazer das tristezas estrelas a mais
E do pranto uma canção"

Eu nunca gostei desta estrófe. Achava triste e não condizia com a minha lógica de criança crítica: se eu iria ver a imensidão no céu por que as tristezas seriam estrelas a mais?? Não seria melhor somente ignorá-las e ao invés de chorar, seguir cantando uma canção???

Hoje a tristeza já não me assusta tanto. Ela faz parte da vida, assim como a alegria. É um ciclo e a gente deve aceitar a chuva e o sol, a alegria e a tristeza. 

Realmente, não podemos ignorar as tristezas e cantar uma canção. Isso é fugir dos seus próprios sentimentos e negar valor aos mesmos. Ninguém pode ser feliz assim, apenas fingir que é. Temos que viver cada momento e senti-lo, reconhecendo os nossos sentimentos, nos dando colo, nos animando, estimulando ou comemorando. Mas eu também não aconselho ninguém a fingir que tristezas são estrelas.

Podemos cantar seja alegria, seja raiva, seja lamento e existe música para expressar tudo isso. Se não houver, invente se quiser.

Mas dessa estrófe e das minhas considerações de criança, a vida e a maturidade me validaram uma impressão: para ser feliz é preciso ver a imensidão, o conjunto de possibilidades, a liberdade de sonhar, de acreditar que tudo é possível, que tudo muda, até mesmo a gente.

Para ser feliz é preciso ver a imensidão que a vida sugere. É preciso amar a vida e acreditar neste amor. O resto, tudo passa e tudo é possível, é esperar ou lutar, cada coisa em seu momento. Mas nunca deixe reconhecer seu sentimento, nem de amar a vida... rsrsrs ou de passar o filtro solar... (ah! mas isso é outro poema, outra música...)


domingo, 10 de julho de 2011

A lei da atração e outros segredos


Eu sempre gostei de temas como neurolinguística, funcionamento e programação da mente, pensamento positivo, etc. Trabalhei com essa área dentro de motivação de recursos humanos, mas no aspecto pessoal venho lendo sobre isso durante toda a minha vida, não me importando se a abordagem é do campo da psicologia, neurologia, física quântica, empresarial, autoajuda, mística, etc. Apenas uso critérios lógicos e de bom senso para separar o joio do trigo. Existem ótimos autores em todas as formas de abordagem. Mas também tem muita repetição não assumida e autores que buscam apenas vender a qualquer preço, sem qualquer fundamento teórico mais sério.

A mente é muito interessante. Compará-la ao computador é uma metáfora muito inferior à realidade, até porque o computador foi criado, e continua sendo desenvolvido, buscando equivalência à mente humana. Que me desculpem os que acreditam que a máquina superará a mente, mas esta idéia apenas aborda a mente lógica ou um pouco da criativa (mas sempre dentro da lógica matemática e ocidental).

Ora, nossa mente é muito mais do que isso, é uma combinação de processos físicos, químicos e psíquicos, que ocorrem dentro do cérebro. Há um complexo processamento de correspondência entre reações e estímulos, que ora se iniciam nos sentidos, ora se iniciam na mente, integrando mente e corpo.

Mas nós não somos só um corpo, mais um cérebro e uma mente, com todas as suas atuações e subdivisões psíquicas. Temos uma alma e não precisamos de uma religião para entender isso. É só silenciar por segundos a sua mente e sentir a identidade do seu "eu", para perceber que a alma é maior do que a mente consciente ou não.

Além disso, somos uma combinação de energia e também não precisamos do misticismo para entender isso. A física, como ciência, explica que somos mais do que está dentro do nosso corpo, incluindo o cérebro. Ocupamos e interagimos em um espaço muito além dos limites do corpo físico que enxergamos.

Entender como tudo isso interage pode até ser complicado, mas é só estudo, pesquisa e experiência. Tanta gente se dedica a esses temas, que é fácil obter informação respeitável.

Mas se você não quiser entender, experimente aceitar.  Vamos aceitar a premissa  de que o universo é feito de energia, que se materializam em átomos e moléculas, que vivem em constante interação e vibração. Por causa disso, "nada está parado, tudo se move, tudo vibra".  Essa vibração genericamente tem um ritmo, de fluxo e refluxo, oscilando de forma a sempre compensar e voltar ao equilíbrio, depois ir em direção ao um pólo e ao outro. O universo vibra como uma maré enchente e vazante, em fluxo e refluxo, de forma que o mar não vai ficar sempre cheio, nem sempre vazio, e isso mantém o equilíbrio.

Nós fazemos parte do universo e nossa corpo e nossa vida seguem este mesmo ritmo, mesmo que não paremos para perceber.

Porém, a importância da alma e da mente é que os processos mentais produzem energia, alteram, transmutam e são capazes de interferir neste ritmo. Eles não são matéria, são energia pura, que interagem com todas as formas de energia, inclusive as da matéria de tudo o que nos cerca, principalmente o nosso corpo.

Mas como um processo mental, um pensamento é energia? Porque cada pensamento é um impulso elétrico e, como tudo no mundo, ao produzir essa energia, ela automaticamente interage com outras partículas energéticas, nesse estágio de constante vibração e interação.

Com o corpo, a relação é direta: a energia produzida pelos processos mentais, aciona aspectos físicos e químicos, produzindo efeitos nas substâncias que governam os processos biológicos, nas sinapses e estímulos elétricos do cérebro, preparando a ação dos neurônios, do sistema nervoso central, do ritmo cardíaco, pulmonar, digestivo, etc. Assim, sem querer, fazemos e geramos saúde e doença. Depende do que produzimos mais ou menos, de que estímulos e reações provocamos no corpo, mesmo sem consciência.

De forma similar, interagimos com tudo à nossa volta, coisas e pessoas, misturando e reagindo às trocas energéticas, que acionam processos físicos e químicos. Sabemos que, em regra, tudo caminha no ritmo de fluxo e refluxo, de oscilação entre as polaridades que eu escrevi acima.

Mas precisamos lembrar que esse ritmo segue um fluxo amplo e generalizado, mantendo o equilíbrio geral da energia no universo. Este equilíbrio pode existir sob um olhar mais macro, na localidade onde você mora, na sua rua, na empresa onde você trabalha, etc. Mas isso não impede que na sua vida haja desequilíbrio. Cada um pode estar no fluxo ou no refluxo, na enchente ou na vazante por mais tempo do que deveria.

Isto é, o desequilíbrio de uma pessoa obviamente não afeta o universo. Depende de cada um de nós, agir para manter o nosso equilíbrio. Por isso, a sabedoria humana ensina que tudo muda, nada é eterno.

Pronto, já parece que eu estou falando de forma mística, rsrsrs. Mas não é. Nada impede que sua energia esteja em baixa por mais tempo e seu corpo não receba estímulos que equilibrem, viciando seus receptores cerebrais. 

O nosso cérebro deixa mais ativos os receptores que são mais usados. Então estímulos de raiva, desânimo, gula, desespero, frustração, impotência de reagir, podem viciar o cérebro. Isso faz com que, sem consciência, nos alimentemos destes mesmos estímulos e acabamos gerando-os de novo. É um ciclo vicioso,que tem de ser interrompido, com um processo mais consciente de interferir neste fluxo, buscando a outra polaridade, para encontrar equilíbrio em nossos receptores cerebrais e em nosso corpo e nossa vida.   

Se você aprender a usar esse conhecimento, com certeza terá mais equilíbrio e saúde.

Da mesma forma, trocamos energia com nossa família, com amigos, colegas de trabalho e até desconhecidos em uma loja ou no banco. Como tudo vibra, costumamos dizer que bocejo, mau humor e impaciência pegam. Por que o que uma mente produz se conecta com as outras e eu não estou falando de ler pensamento. É fluxo e refluxo, elétrons e prótons, positivo e negativo. É troca elétrica mesmo. Por isso mais contato com pessoas positivas  nos ajuda, reforça nossos receptores para o fluxo positivo. E vivemos isso inconsciente ou conscientemente.

Podemos interferir neste fluxo. Por isso se diz que o pensamento positivo atrai coisas positivas. Falam da lei da atração, pois você atrai aquilo que mais flui na sua mente.

Mas não pense que vai adiantar ficar pensando: eu quero ganhar da mega-sena ou quero ganhar um carro novo. Isso não é mágica, não. Estamos falando de energia, física, química, não de milagre. Ou seja, da menor partícula de energia à menor partícula de matéria. Depois, da vibração dessas partículas e a interação causada por esta vibração, do ritmo em que isso tende a ocorrer. Da energia que produzimos na mente e de nossos receptores elétricos e químicos.

Assim, lembre que você produz e atrai o correspondente ao que mais tempo, com maior intensidade e maior fluxo interno povoa a sua mente. Seja o que você tem consciência ou não. Então, não é só “pensar positivo”. É preciso que a sua mente produza uma mesma energia por mais tempo e com a intensidade necessária. Essa energia atrairá o resultado correspondente, materializando-se de diversas formas em sua vida.

A forma mais simples de termos consciência e contato com nossa mente é observarmos nossos pensamentos automáticos e sentimentos. Preste MUITA ATENÇÃO ao que você pensa sem perceber, automaticamente, e ao que você sente e não tem coragem de dizer a ninguém. Olhe a sua volta e veja como seu corpo e sua vida estão reagindo a esses pensamentos e sentimentos.

Você já deu o primeiro passo. Agora é reconhecer e começar a mudar os pensamentos e sentimentos que não correspondem ao que você deseja para a sua vida. Livre-se do lixo mental que você carrega por causa de conceitos errados, disformes que você aprendeu e acumulou na sua vida.

Não existe sentimento que produza maior quantidade de energia positiva que o amor. VOCÊ JÁ CONSEGUE SE AMAR? Eu sei que não é fácil, mas amar a si mesmo é essencial. Quanta energia gastamos tentando mudar nosso comportamento e o das outras pessoas? Quanta energia desperdiçamos tentando mudar o que está a nossa volta. Não é necessário. Não importa sua opinião sobre as circunstâncias que definem sua vida, apenas ACEITE e RECONHEÇA que você já é bom, pleno e completo. AME-SE.

Só em mudar isso e parar de se criticar na sua mente, já produzirá mais efeito em você mesmo que qualquer esforço que você faça para mudar um comportamento.

Por exemplo, o pensamento “eu tenho que emagrecer”, acompanhado de uma série de críticas diárias sobre o seu corpo e cada coisa que você comeu, que não “devia” e se culpa. Isso gasta muita energia mental, mas os receptores do seu cérebro estão voltados para comida e para o desejo de comer, “pedindo” por carboidratos, açúcares e gorduras para saciar  a “necessidade” mental de energia destes receptores.

Basta você mudar sua freqüência mental e se aceitar como uma pessoa que está bem e saudável, que gosta de si mesma como é. Assim, aos poucos você acorda mais bem disposta, não come por ansiedade, escolhe alimentos melhores porque trarão a saúde que você merece e vai percebendo a mudança no seu corpo físico. Não é milagre, é fato, é consciência, é interferir no seu processo mental, químico e físico.

Assim, você vive como a pessoa que você realmente é e não os preconceitos que criou, aprendeu ou mantém sobre si mesmo.

Livre-se do seu lixo mental e se ame. Isso é o melhor que você pode fazer por si mesmo. O resto deixa que as leis da física, da química e do universo farão por você.

domingo, 3 de julho de 2011

Vida, Desejo e Prazer

"O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.
O que for o teu desejo, assim será tua vontade.
O que for a tua vontade, assim serão teus atos.
O que forem teus atos, assim será teu destino."

Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5

A força de vida que há em nós depende de nossos desejos e de nossa relação com o Desejo. 

A psicologia, a neurociência e vários conhecimentos do campo científico explicam isso de diversas formas. A filosofia, a espiritualidade e até algumas religiões também. 

Mas apesar de todo esse conhecimento intelectual propagado universalmente,  o mais importante é: o SER HUMANO ainda NÃO SABE disso.

Nós intuímos que é isso, mas com uma voz fraca, distorcida, lá na bem no fundo de nosso sentimento e nossa alma. Só que não temos este saber, não sentimos, não vivemos esse conhecimento.

Repito: a força de vida dentro de nós depende de nossos desejos. É necessário desejar, mas não basta. É necessário saber se relacionar com o desejo e com o prazer como fonte de vida.

A sociedade hoje vive o consumo do prazer, em varejo e atacado. Toda forma de prazer, toda a quantidade, toda a busca é permitida.

Ok. Mas que prazer é esse e a que ele se destina?? Isso é fuga, é compensação de frustrações, é experimento, é o que???

Quais são os prazeres que te alimentam a alma? Tudo pode ser permitido, mas o que alimenta a sua alma?

Qual é o seu desejo? O que te gera força de viver? O que pulsa dentro de você, que pode guiar sua vontade e dirigir sua vida? 

Para muitos de nós essas perguntas geram enormes lacunas, sobre as quais nem queremos pensar. Então não perguntamos.

Como você se relaciona com o prazer? Antes de filosofar, vamos pensar no mais imediato: seja a comida, a bebida, ou uma das formas de cultura como música, cinema e literatura. Como você se relaciona? Você saboreia, devora, consome sem pensar? O que te faria saborear? O que você precisa?

 Se você conseguir trazer para a consciência essa sensação de saborear algo. Isso é um prazer que alimenta não só o corpo, como a alma. 

Essa sensação pode ser expandida: e se você saborear um banho ou um cuidado físico? Quem sabe a sensação do sol quente em um dia de inverno? Quem sabe o olhar ao horizonte, inspirando profundamente.

Será que você consegue avançar mais um pouco? Consegue abrir mão, por só um momento, de todas as críticas que povoam seu ser e pensar: o que eu gosto em mim? Saborear um aspecto físico ou da sua personalidade. É eu sei que é ousado, mas tente.

Será que se eu me saborear mais, eu consiga realmente me amar? Será que se eu tirar um momento ou uma coisa por dia para saborear, eu consiga de verdade amar a vida?

Com certeza, sim!!! Mas não fomos acostumados a isso. Não é esse o nosso conceito de prazer e de desejo.  Se avançarmos neste aspecto, o amor a si próprio e à vida aumenta.  É um aprendizado.

Assim, o desejo e a vivência do prazer serão nossa fonte e força de viver.

Saboreie...

Louise L. Hay - Você pode curar sua vida - Parte 01

sábado, 18 de junho de 2011

Um pouco mais de calma

Atualmente, a vida de todos é uma correria. 

Os recursos tecnológicos deveriam ter nos gerado facilidades e, com isso, uma vida mais traquila. Mas não foi o que aconteceu. 

A sensação é de estar correndo contra o tempo, de ter mais tarefas e coisas  para fazer do que conseguimos. Essa ansiedade nos persegue.

Eu costumo usar a expressão de que às vezes me sinto em um bote inflável, sem remos, descendo a corredeira de um rio. A vida me leva, me arrasta. Mas isso não significa que "eu deixo a vida me levar".

Não é isso que eu quero. Eu quero os remos, quero ditar meu ritmo, ir mais devagar. Eu quero ter o direito de só deixar a vida me levar, quando a correnteza estiver fraca e eu apoiar os remos no meu bote e apreciar o sol se pondo no horizonte, nos momentos de claro prazer e contemplação.


 Eu quero um pouco mais de calma, eu quero um pouco mais de alma. 

Eu adoro a música do Lenine, cuja letra estou colocando nesta postagem. Mas como ele mesmo diz: a vida não pára.

E se a vida não pára, o que fazer? Mas o poeta pergunta "será que é tempo que lhe falta para perceber?"

Durante muito tempo foi. Eu ainda não havia percebido, ainda não estava na hora, eu precisava de tempo para aprender. E a vida não pára, o que fazer?

Mas eu fui avançando... ainda não aprendi tudo, mas peguei o início da lição. E como o poeta disse "enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso e faço a hora." 

E meu senso excessivo de dever perguntava: mas como??? A vida não pára, como eu vou parar? Como vou me recusar e fazer minha hora??

A análise ajuda a me compreender e pensar sobre o que está em volta. Se a vida não pára, eu páro. Eu tenho os meus remos agora, só tenho que treinar mais como usá-los. Eu posso me recusar. Eu posso dizer não. Eu posso impor meus limites. 


Eu preciso ter prazer e ter tempo para mim. "O corpo pede um pouco mais de alma". A minha vida não pára e ela tem o meu ritmo. O resto terá o seu quinhão necessário do meu tempo e atenção.


A vida é minha e a minha vida é calma. E o que eu tenho de melhor para oferecer a mim e depois ao mundo é partilhar a minha alma.

E eu estou aqui, sentada na varanda, contemplando o horizonte e escrevendo esta postagem. Dividindo com quem se interessar, com você ou com ninguém. Por puro prazer. "A vida é tão rara."
Elaine

Paciência

Lenine

Composição : Lenine e Dudu Falcão

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge 
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...
A vida não para...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Amor e os Namorados

Ontem foi o Dia dos Namorados. Com tantas mensagens diretas e subliminares, é quase impossível não pensar no Amor romântico. Namorar é muito bom. É envolvente, excitante, podemos rechear a relação de novidades e curtir tudo de bom que temos a oferecer a alguém e o que este alguém pode nos oferecer.

Porém, conviver muitas vezes é difícil. A intimidade aproxima, gera conforto, mas atrapalha, cria motivos de atrito e faz desaparecer a novidade. Quando já temos uma relação de mais tempo e estável, seja em um namoro, experimentando morar juntos ou casados (oficialmente ou não), estes níveis de compromisso, de convivência, de intimidade e da partilha das rotinas e questões que permeiam a vida, trazem uma série de dificuldades ao relacionamento.

Há muitos anos eu comparo o relacionamento estável com um sofá ou uma cama king size. Por quê? 

Porque quando temos uma necessidade e um desejo, buscamos aquilo que vai nos atender e rodamos até encontrar. Até que em um determinado momento, mais cedo ou mais tarde, encontramos o objeto de desejo que atende às nossas expectativas. Entramos em uma loja e olhamos aquele sofá maravilhoso, com a forração, o design, a sensação de conforto e aconchego. Pode ser uma cama king size, aquela maravilhosa, de molas, com todas as tecnologias que fazem você se sentir no paraíso dos hotéis de luxo. Você imagina aquele sofá na sua sala ou aquela cama no seu quarto e o prazer indescritível de você curtir aquilo o tempo todo, todos os dias, de fazer aquele momento da sua vida, quando você chega em casa e se joga no sofá ou na cama e vive aquele prazer.

Esse prazer é real, mas passam os dias, os meses, anos e todo dia você chega em casa do trabalho, do lazer, de suas tarefas diárias e mil coisas passam por sua mente. Você continua se jogando no sofá ou na cama e curtindo o prazer de estar em casa, mas não se relaciona mais da mesma forma. Eles estão lá e vocês já o conhecem. Mas você não vai mais parar e admirar o design do seu sofá, você não vai deitar a cama e sentir o prazer de ter um pilow-top com tecnologia da NASA. Eles mudaram??? Você mudou???

Não, nada disso aconteceu. É apenas um efeito da rotina, da intimidade. O cérebro não consegue dar a mesma atenção para tudo e classifica. O que é conhecido começa a entrar em uma espécie de vivência automática.

Isso acontece com as pessoas e os relacionamentos. Muitas vezes elas não mudam sua essência, nem o seu gosto sobre aquilo que lhe atrai. Apenas a rotina automatiza esses relacionamentos. E isso é normal e esperado ainda que a maior parte das pessoas não se conscientizem disso. 

Tanto que, se um dia você abrir a porta da sua casa e descobrir que seu sofá ou sua cama sumiram. O desespero, a raiva e diversas outras emoções vão aparecer e você vai lembrar de cada uma das qualidades que fizeram você escolher e como não é simples sair e achar outro. Imaginem com os relacionamentos, quando eles acabam de forma brusca assim.

Então, nos questionamos: o que fazer para evitar que a intimidade excessiva e a rotina diminuam o prazer dos relacionamentos?

Não vou dizer que tenho a fórmula perfeita. Mas sabemos que isso deriva de várias causas e que uma delas é simplesmente porque o nosso cérebro vai classificar e se acostumar com a rotina. Para todos os lados, ouvimos a idéia de que devemos viver o momento presente como se fosse único, porque ele realmente é. Mas como repetimos as coisas, precisamos dividir nossa atenção e energia e vamos entrar em rotinas semi-automáticas. Isso nos ajuda a tomar banho, escovar os dentes, a dirigir, etc.
Precisamos fazer isso com o amor e os relacionamentos? Não precisamos, mas faremos. 

Só que nós somos muito mais do rotinas. Somos razão e emoção. PRECISAMOS FAZER COISAS DIFERENTES, precisamos SER diferentes e VIVER momentos diferentes.  É para isso que servem as viagens, passeios e tudo que podemos fazer fora da rotina.

Vale também se permitir ser diferente em alguns momentos e dividir isso com quem você ama. Todos temos múltiplas facetas e não nos permitimos vivê-las no dia-a-dia. Aceitamos os rótulos. É possível ser mulher, mãe, filha, profissional, amiga, esposa, amante, etc. Seja mulher ou homem, conhecemos esses papéis. Mas e os outros que estão dentro de você?
Você pode ser certinho, ousado ou extravagante. Pode ser emocional, passional, romântico ou selvagem. Pode ser aventureiro ou convencional. Pode ser criança, adolescente, jovem ou adulto. Podemos ser tudo isso dentro de nós. Por mais que tenhamos um conjunto de características que preponderam em nossa personalidade, temos diversas outras dentro de nós, que devemos dar vazão em algumas circunstâncias. Que melhores condições de viver isso do que brincando ao lado de quem se ama? 

Não devemos ter rótulos que nos congelem  perante aqueles que amamos, nem devemos rotulá-los. Isso pode limitar demais o amor. Não queremos ser um sofá.  
 Ame-se o máximo que você puder e explore tudo o que há dentro de você, até para se conhecer mais um pouco. Convide quem você ama a fazer o mesmo e estabeleça momentos para simplesmente brincar de viver.

Se você tem outras idéias, que podem ajudam a manter viva a chama do amor, divida conosco. Quem sabe não podemos inspirar alguém.

Elaine
 

domingo, 5 de junho de 2011

O Trabalho e a Alma


Essa semana, eu li na revista Veja um artigo de Cláudio de Moura e Castro denominado “O profissionalismo como religião”. Esse artigo me fez refletir.

A linha de argumentação do artigo coloca o paralelo da realidade atual com o fato histórico do início das profissões, nas milenares corporações de ofício, terem sido praticamente uma conversão religiosa, em que os rituais e padrões de qualidade eram cobrados todo o tempo. Ressalta a questão de que, nas sociedades mais tradicionais e evoluídas, o profissional ao adotar seu ofício, seja ele qual for, adota os cânones da profissão e exige de si a conduta ética e técnica por seu próprio senso de dever para com o trabalho que executa.

Assim, o profissional incorpora a ideologia da perfeição (no dizer do autor), sendo o capricho na execução uma necessidade própria e não algo que dependa de ser fiscalizado por alguém. Ou seja, não faz bem feito só no caso de alguém reclamar. A satisfação de fazer o trabalho bem feito, independentemente de alguém notar, é uma satisfação pessoal.

Eu concordo com o autor, mas acho que há outras questões também relevantes para a relação do ser humano e seu trabalho. O trabalho nos satisfaz ou não, por vários motivos.

Para alguns, há essa satisfação de fazer algo à excelência, de pertencer àquilo que executa, porque o produto bem feito do seu trabalho é parte daquilo que você é. Integra o mundo do ser, não somente do fazer. Você é alguém que faz uma determinada coisa bem feita. Isso te ajuda a se definir como pessoa. Realmente é quase uma escolha religiosa, pois vem de uma crença pessoal.

Se isso está certo ou não, se é bom ou não, não sei e acredito que o mundo não é preto e branco.

Nem todos têm a inclinação para a conduta religiosa, assim como nem todos terão esse sentimento de pertencimento que pode ser vivido no trabalho.

Da mesma forma, quem vive esse sentimento, pode sofrer uma crise identidade quando questiona como isso te define. Deveríamos ser definidos por aquilo que fazemos? Não somos muito mais do que isso??

Minha experiência pessoal é de que também podemos ser definidos pelo que fazemos, mas isso é só uma parte de nós. E existe um grande e grave problema quando essa parte se torna maior do que deveria. Porque antes de sermos profissionais, somos pessoas. O que nos define é a pessoa que somos.

Por isso, lembro de uma outra questão bem pessoal que se reflete na vida de boa parte das pessoas que conheço. Vivemos uma crise do trabalho. Quando o trabalho nos faz mal???

Acredito que o trabalho nos faz mal quando ele, por qualquer motivo, nos afeta negativamente o físico, a mente e/ou a alma.

Isso pode estar relacionado com a quantidade de carga, seja no número de horas, volume ou responsabilidade em excesso. Pode estar vinculado às condições de trabalho, incluindo o ambiente e as relações, ou mesmo às crenças pessoais e à forma como a pessoa se relaciona com o trabalho.

A falta de comprometimento, satisfação ou crença no resultado do trabalho é um grande motivo de frustração para muitas pessoas, tornando o dia-a-dia um peso a cumprir.

Para outras, isso não faz diferença. O retorno financeiro é o grande centro das atenções e motivo de satisfação ou não.

O ambiente é um fator comum a todos, porque afinal estamos nele grande parte do dia e quase todos os dias. Conviver bem é essencial ao ser humano.

Muitos se cobram exageradamente, exigindo uma perfeição inatingível. Assim, o nível de satisfação com a qualidade do que produzimos é simplesmente impossível. Nunca estará bom o bastante.

Outros, acham que têm que dar conta de todas as demandas, os anseios, as necessidades suas e alheias. Ou seja, são movidos por um desejo interno de ver tudo no lugar, de não deixar nada por ser feito, por um senso de dever exagerado, por um anseio, que apesar de impossível de ser atendido, os move a sentir que se tudo estivesse no lugar (pronto, feito e atendido), a paz finalmente poderia reinar.

Há quem acredite simplesmente que o problema sempre está em outro lugar: em um ou mais colegas, nas regras procedimentais ou sociais, ou mesmo no “sistema” (que como “condomínio”, “sociedade” ou “cidade”, é uma entidade etérea, detentora de todo poder e toda a responsabilidade, a qual nunca pertencemos, rsrsrs).

Há também aqueles que não conseguem escolher sua carreira ou trabalho, buscam, mas não encontram ou não definem. Se sujeitam ao que aparece e quando aparece, pois o mercado está difícil. Mas a falta de foco e objetivo, de um planejamento e ações encadeados e programados para definir uma carreira também atrapalha. Muito sequer sabem o suficiente sobre si mesmos para poder definir o que se quer. São tantos interesses e possibilidades em tese, mas nenhuma escolha efetiva.

Bem, não importa qual seja o motivo, o fato é que o trabalho, além de ser o nosso sustento e apenas uma parte, ainda que importante, de nossas vidas, muitas vezes nos faz mal.

O trabalho pode nos agredir à mente e à alma. Mas nossa mente e nossa alma, onde estão? Por que elas permitem essa agressão??

Até que ponto as condições da vida afeta nossas escolhas, atitudes e sentimentos? Seja o passado ou o presente, até que ponto o externo a nós nos atinge?

E o que está dentro de nós? A partir de que ponto podemos mudar o que somos, como sentimos e nossas atitudes diante da vida?

Entre as condições do meio em que vive e as características do próprio ser humano, sempre faremos essas perguntas.

E muitas outras tão importantes não são feitas, porque é difícil questionarmos a nós mesmos. É muitas vezes doloroso.

O que o trabalho ou a carreira significam para mim?

Dou mais valor a quê? Ao retorno financeiro, ao que vou fazer, ao produto do que faço, a como faço meu trabalho e as características dessa execução, ao ambiente que me cerca, ao que as pessoas pensam sobre mim e meu trabalho? O que me dá prazer? O que eu gosto?

Como eu lido com as escolhas? Quais minhas expectativas? Quais os meus limites? Qual o peso que eu atribuo a cada parte da minha vida?

Essas perguntas norteiam nosso processo de auto-conhecimento.

Olhar para nossa atitude em relação ao trabalho pode ser uma forma de nos ajudar a nos conhecer melhor. Afinal de contas, trabalhamos para nosso sustento, mas lá no fundo não é só isso... Refletir pode nos ajudar a ter uma relação melhor e mais saudável com essa parte de nossas vidas.

Acredito que se conhecer melhor é o caminho para as escolhas conscientes e saudáveis.

E você, como se relaciona com seu trabalho? Quer nos contar??

Elaine Melo