sábado, 5 de novembro de 2011

Limitações

Lidamos com nossas limitações o tempo todo. Podemos não querer enxergá-las, mas elas estão sempre nos acompanhando.

O ser humano tem a capacidade de superar a si mesmo e a muitas coisas. Nossa capacidade é muito maior do que realmente imaginamos. Mas isso não afasta nossas limitações.

Eu sempre acreditei que quase tudo na vida depende de nós e que poderíamos aprender o suficiente para mudar as coisas. Acredito que um dos maiores males da humanidade é o sentimento de vítima das situações, que impregna nossas emoções com maior ou menor freqüência. 

Somos reativos, ou seja reagimos ao que acontece conosco e não conduzimos nossos sentimentos, ações e escolhas.

A sabedoria oriental ensina que todo ser deveria ser mestre de si mesmo. O desenvolvimento do auto-conhecimento, da escolha consciente em cada momento, nos permitiria abrir mão de certos sentimentos em cada momento e ter o controle do que é melhor para a nossa felicidade.

Na realidade, em quase todas as situações cotidianas, não são as pessoas ou as coisas e circunstâncias que nos ferem, magoam, estressam, ou nos dão raiva, medo ou insegurança. Somos nós que reagimos a essas situações externas e nos permitimos sentir raiva, medo, insegurança, mágoa ou dor, ou ficarmos ansiosos e estressados. 

Não desenvolvemos uma das melhores capacidades dos seres humanos e que poucos conhecem: as escolhas conscientes. 

Eu quero ficar ansioso como isso? Isso vale o meu aborrecimento? Eu vou aceitar a raiva ou a intimadação que o outro quer impor sobre mim? Essa circunstância realmente pode me afetar danosamente e justifica meu sentimento de medo?

Se conseguíssemos nos questionar, responder e corrigir nossos sentimentos, alcançaríamos muito mais facilmente a paz e a felicidade. 

Mas não é fácil. Fomos moldados a esse hábito reativo por toda a nossa vida. Porém a dificuldade não deve nos impedir de ter consciência do que acontece realmente. O primeiro passo é compreender que o que sentimentos é reação e não resultado do mundo externo. 

O segundo passo é treinar aos poucos e nas situações mais fáceis e menos intensas, insistirmos em investigar nossos sentimentos e separar as reações. Às vezes, conseguimos escolher não reagir. 

Investir no auto-conhecimento é importante para nossa felicidade. Precisamos reconhecer nossas limitações e entender como elas funcionam. Saber quando buscar ajuda também é importante. Não damos conta de tudo sozinhos e não somos os mesmos em todos os momentos, por toda a nossa vida. 

Eu sou uma pessoa ansiosa. Meu pensamento vive tentando viajar para o futuro e eu vivo tentando prendê-lo aqui no presente. Minhas emoções correm como cavalos sem arreios e eu busco manter a consciência e o questionamento presentes em minha vida, para saber quais delas são reais e verdadeiramente minhas. Quantas são meras reações às minhas percepções do mundo exterior, sem que tenham nenhum valor para acrescentar de bom a minha vida, a minha paz e felicidade?

Eu sou forte e sou frágil. Sou humana. Minhas limitações existem e são muitas.  Eu quero conhecê-las e aceitá-las. Mas isso não me impede de querer ser a cada dia um ser humano melhor, mais feliz e confortável dentro da minha vida.