domingo, 3 de julho de 2011

Vida, Desejo e Prazer

"O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.
O que for o teu desejo, assim será tua vontade.
O que for a tua vontade, assim serão teus atos.
O que forem teus atos, assim será teu destino."

Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5

A força de vida que há em nós depende de nossos desejos e de nossa relação com o Desejo. 

A psicologia, a neurociência e vários conhecimentos do campo científico explicam isso de diversas formas. A filosofia, a espiritualidade e até algumas religiões também. 

Mas apesar de todo esse conhecimento intelectual propagado universalmente,  o mais importante é: o SER HUMANO ainda NÃO SABE disso.

Nós intuímos que é isso, mas com uma voz fraca, distorcida, lá na bem no fundo de nosso sentimento e nossa alma. Só que não temos este saber, não sentimos, não vivemos esse conhecimento.

Repito: a força de vida dentro de nós depende de nossos desejos. É necessário desejar, mas não basta. É necessário saber se relacionar com o desejo e com o prazer como fonte de vida.

A sociedade hoje vive o consumo do prazer, em varejo e atacado. Toda forma de prazer, toda a quantidade, toda a busca é permitida.

Ok. Mas que prazer é esse e a que ele se destina?? Isso é fuga, é compensação de frustrações, é experimento, é o que???

Quais são os prazeres que te alimentam a alma? Tudo pode ser permitido, mas o que alimenta a sua alma?

Qual é o seu desejo? O que te gera força de viver? O que pulsa dentro de você, que pode guiar sua vontade e dirigir sua vida? 

Para muitos de nós essas perguntas geram enormes lacunas, sobre as quais nem queremos pensar. Então não perguntamos.

Como você se relaciona com o prazer? Antes de filosofar, vamos pensar no mais imediato: seja a comida, a bebida, ou uma das formas de cultura como música, cinema e literatura. Como você se relaciona? Você saboreia, devora, consome sem pensar? O que te faria saborear? O que você precisa?

 Se você conseguir trazer para a consciência essa sensação de saborear algo. Isso é um prazer que alimenta não só o corpo, como a alma. 

Essa sensação pode ser expandida: e se você saborear um banho ou um cuidado físico? Quem sabe a sensação do sol quente em um dia de inverno? Quem sabe o olhar ao horizonte, inspirando profundamente.

Será que você consegue avançar mais um pouco? Consegue abrir mão, por só um momento, de todas as críticas que povoam seu ser e pensar: o que eu gosto em mim? Saborear um aspecto físico ou da sua personalidade. É eu sei que é ousado, mas tente.

Será que se eu me saborear mais, eu consiga realmente me amar? Será que se eu tirar um momento ou uma coisa por dia para saborear, eu consiga de verdade amar a vida?

Com certeza, sim!!! Mas não fomos acostumados a isso. Não é esse o nosso conceito de prazer e de desejo.  Se avançarmos neste aspecto, o amor a si próprio e à vida aumenta.  É um aprendizado.

Assim, o desejo e a vivência do prazer serão nossa fonte e força de viver.

Saboreie...

Um comentário:

  1. Esse texto é preciso e precioso! É pena que realmente nos é praticamente impossível identificar esse DESEJO,quanto mais viver por ele.É pena que, muitas vezes, vamos na direção oposta a ele, não só porque não o conhecemos, mas tendo uma noção algo nos impede, nos reprime e aprisiona, meio parecido com uma princesa presa na torre do castelo, encantada pela bruxa. Essa imagem acho que ilustra muito bem, já que a princesa e a bruxa somos nós mesmos!

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