segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Amor e os Namorados

Ontem foi o Dia dos Namorados. Com tantas mensagens diretas e subliminares, é quase impossível não pensar no Amor romântico. Namorar é muito bom. É envolvente, excitante, podemos rechear a relação de novidades e curtir tudo de bom que temos a oferecer a alguém e o que este alguém pode nos oferecer.

Porém, conviver muitas vezes é difícil. A intimidade aproxima, gera conforto, mas atrapalha, cria motivos de atrito e faz desaparecer a novidade. Quando já temos uma relação de mais tempo e estável, seja em um namoro, experimentando morar juntos ou casados (oficialmente ou não), estes níveis de compromisso, de convivência, de intimidade e da partilha das rotinas e questões que permeiam a vida, trazem uma série de dificuldades ao relacionamento.

Há muitos anos eu comparo o relacionamento estável com um sofá ou uma cama king size. Por quê? 

Porque quando temos uma necessidade e um desejo, buscamos aquilo que vai nos atender e rodamos até encontrar. Até que em um determinado momento, mais cedo ou mais tarde, encontramos o objeto de desejo que atende às nossas expectativas. Entramos em uma loja e olhamos aquele sofá maravilhoso, com a forração, o design, a sensação de conforto e aconchego. Pode ser uma cama king size, aquela maravilhosa, de molas, com todas as tecnologias que fazem você se sentir no paraíso dos hotéis de luxo. Você imagina aquele sofá na sua sala ou aquela cama no seu quarto e o prazer indescritível de você curtir aquilo o tempo todo, todos os dias, de fazer aquele momento da sua vida, quando você chega em casa e se joga no sofá ou na cama e vive aquele prazer.

Esse prazer é real, mas passam os dias, os meses, anos e todo dia você chega em casa do trabalho, do lazer, de suas tarefas diárias e mil coisas passam por sua mente. Você continua se jogando no sofá ou na cama e curtindo o prazer de estar em casa, mas não se relaciona mais da mesma forma. Eles estão lá e vocês já o conhecem. Mas você não vai mais parar e admirar o design do seu sofá, você não vai deitar a cama e sentir o prazer de ter um pilow-top com tecnologia da NASA. Eles mudaram??? Você mudou???

Não, nada disso aconteceu. É apenas um efeito da rotina, da intimidade. O cérebro não consegue dar a mesma atenção para tudo e classifica. O que é conhecido começa a entrar em uma espécie de vivência automática.

Isso acontece com as pessoas e os relacionamentos. Muitas vezes elas não mudam sua essência, nem o seu gosto sobre aquilo que lhe atrai. Apenas a rotina automatiza esses relacionamentos. E isso é normal e esperado ainda que a maior parte das pessoas não se conscientizem disso. 

Tanto que, se um dia você abrir a porta da sua casa e descobrir que seu sofá ou sua cama sumiram. O desespero, a raiva e diversas outras emoções vão aparecer e você vai lembrar de cada uma das qualidades que fizeram você escolher e como não é simples sair e achar outro. Imaginem com os relacionamentos, quando eles acabam de forma brusca assim.

Então, nos questionamos: o que fazer para evitar que a intimidade excessiva e a rotina diminuam o prazer dos relacionamentos?

Não vou dizer que tenho a fórmula perfeita. Mas sabemos que isso deriva de várias causas e que uma delas é simplesmente porque o nosso cérebro vai classificar e se acostumar com a rotina. Para todos os lados, ouvimos a idéia de que devemos viver o momento presente como se fosse único, porque ele realmente é. Mas como repetimos as coisas, precisamos dividir nossa atenção e energia e vamos entrar em rotinas semi-automáticas. Isso nos ajuda a tomar banho, escovar os dentes, a dirigir, etc.
Precisamos fazer isso com o amor e os relacionamentos? Não precisamos, mas faremos. 

Só que nós somos muito mais do rotinas. Somos razão e emoção. PRECISAMOS FAZER COISAS DIFERENTES, precisamos SER diferentes e VIVER momentos diferentes.  É para isso que servem as viagens, passeios e tudo que podemos fazer fora da rotina.

Vale também se permitir ser diferente em alguns momentos e dividir isso com quem você ama. Todos temos múltiplas facetas e não nos permitimos vivê-las no dia-a-dia. Aceitamos os rótulos. É possível ser mulher, mãe, filha, profissional, amiga, esposa, amante, etc. Seja mulher ou homem, conhecemos esses papéis. Mas e os outros que estão dentro de você?
Você pode ser certinho, ousado ou extravagante. Pode ser emocional, passional, romântico ou selvagem. Pode ser aventureiro ou convencional. Pode ser criança, adolescente, jovem ou adulto. Podemos ser tudo isso dentro de nós. Por mais que tenhamos um conjunto de características que preponderam em nossa personalidade, temos diversas outras dentro de nós, que devemos dar vazão em algumas circunstâncias. Que melhores condições de viver isso do que brincando ao lado de quem se ama? 

Não devemos ter rótulos que nos congelem  perante aqueles que amamos, nem devemos rotulá-los. Isso pode limitar demais o amor. Não queremos ser um sofá.  
 Ame-se o máximo que você puder e explore tudo o que há dentro de você, até para se conhecer mais um pouco. Convide quem você ama a fazer o mesmo e estabeleça momentos para simplesmente brincar de viver.

Se você tem outras idéias, que podem ajudam a manter viva a chama do amor, divida conosco. Quem sabe não podemos inspirar alguém.

Elaine
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se gostou, comente. Se não, comente também...rsrs