quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cidadania adolescente

Estamos vivendo uma fase confusa, tanto como indivíduos quanto como membros de nossa sociedade.  Época de mudanças, de formação de uma nova identidade social. No meu ponto de vista, é como se fossemos adolescentes em termos de cidadania.

Saímos da infância, da credulidade, dos heróis, da obediência ao modelo imposto e entramos numa era de pleitear a liberdade, de manifestação, de revolta, de nos rebelar contra desmandos, contra o exercício do poder sem razoabilidade, contra escolhas errôneas que são feitas em nosso nome.

Contudo, estamos em busca de uma identidade, de nos encontrar, de formação da nossa estrutura, de nos conhecer e saber o queremos.

Como todo adolescente, nosso pleito é difuso, nossa rebeldia é desorganizada, pulverizada e sem objetivos definidos. Estamos nos rebelando porque sabemos que temos que nos rebelar, mas sem saber cobrar os nossos direitos, sem saber o que realmente queremos.

Alguns estão brigando por brigar, querendo se afirmar, mostrar que são contra o sistema, contra o poder dominante seja ele público ou privado.

Mas não há uma proposta, não há uma sugestão alternativa a esse sistema. O que queremos das pessoas que nos representam no governo? O que acompanharemos e cobraremos respostas? Qual a agenda mínima de responsabilidade social que as empresas privadas devem ter? Como eu irei boicotar e repudiar a empresa que desrespeite essa agenda?

O Poder é do Povo. Mas como cidadãos, precisamos amadurecer para poder exercer esse poder. Precisamos atingir à fase adulta, madura de nossa cidadania. Não basta ter consciência de que temos e podemos exercer nossos direitos. Precisamos ter consciência do que queremos e quais são nossas responsabilidades para cobrar e fazer valer esses direitos.

Hoje o Povo tem voz, mas a voz do Povo é difusa. São muitas pessoas pleiteando tudo em todas as direções. Essa voz já é fácil de escutar, mas é difícil de interpretar.

Repito: precisamos amadurecer nossa cidadania: aprender a votar, a acompanhar o trabalho de quem elegemos, a protestar quando eles exorbitam de seus poderes ou quando são omissos, exigir uma conduta ética, apontar e exigir a correção de atos e condutas, cobrar conscientemente.

Precisamos saber recusar um produto ou uma empresa, porque sua conduta não é compatível com os seus deveres sociais. Ser lucrativo não impede a ética e o respeito social.

Não somos mais crianças, mas precisamos aprender a ser adultos e responsáveis. Não basta berrar, nem se rebelar e agredir o mundo.

Precisamos aprender a viver em um mundo onde tudo é exposto e usar isso com sabedoria. Podemos opinar sobre tudo, expor nossas ideias e pensamentos. Mas não basta a livre expressão. Vivemos em uma sociedade que clama por mudanças profundas em prol de uma melhor qualidade de vida para todos.


Se esse texto tocar alguém e essa pessoa refletir e puder melhorar com isso, já terá valido a pena. Para mim, refletir e escrever já provoca uma mudança na minha vida. Estou ficando adulta.